Há muitos anos me perguntava como seria morar numa metrópole, o vai e vem de carros e pessoas me aguçava a imaginação, assim como me fascinava.
Muitos nos dizem que o mundo conspira a nosso favor, para o bem ou mal, não importa, acredito que de tanto sonhar e desejar este frenesi que acompanha São Paulo aqui vim cair.
Cair sim, de para-quedas no meio da multidão, arrebatada pelo frenético ritmo Paulistano.
Mas a fascinação deu lugar ao conformismo, o conformismo à impaciência e a revolta.
Revolta sim, nós aqui não vivemos, passamos nossos dias úteis a esperar o fim semana ou a folga remunerada, andamos nas ruas introvertidos, acostumadas com tantas atrocidades, sem mesmo olhar para o lado, é tudo tão normal, só nos espantamos com que vemos no noticiário, mas e as nossas emoções, nosso amor ao próximo, nossa compaixão pelo mundo?
Ficamos 'institucionalizados', passeio é ir ao Shopping, celebrar, que tal pegar uma fila em um restaurante qualquer, andar duas horas em pé dentro de um ou vários ônibus, ser arrebatado pela multidão em uma baldeação do metrô, tudo isso, normal! Mas que normalidade é essa? Onde a encontramos? Como nos acostumamos a andar pelas ruas suspeitando do próximo, a sempre esperar o pior do ser humano?
Talvez seja apenas um pouco de nostalgia de uma menina que cresceu à beira mar, com o sabor da maresia na boca, com o prazer de ver os golfinhos nadando no horizonte, com o divino ato de inspirar e sentir o cheiro e não odor do ar.
Não é tudo horrível, aqui conheci pessoas incríveis, que me mostraram o verdadeiro valor do ser humano, pessoas que me acolheram, a quem me afeiçoei e as quais não sei se viveria sem.
Já não sei se me acostumaria ao interior, não sei se saberia ser simples ao ponto de andar descalça na areia com as ondas batendo nos pés, pois me 'institucionalizei', também acho normal tudo que descrevi, talvez por isso toda a minha revolta.
Mas como não acredito no acaso, apenas em nossos planos e necessidades de aprendizado, pedirei com ao Pai que me de forças e coragem para suportar essa minha ingratidão com este lugar que me acolheu e me deu o que pôde, de bom e ruim.
Ah essa cidade que não acorda, desperta!